quinta-feira, 13 de maio de 2010

RTP: 'Ex-técnico nuclear israelita Mordechai Vanunu condenado a prisão'

O antigo técnico nuclear israelita, Mordechai Vanunu, que passou 18 anos na prisão por espionagem, foi condenado, terça-feira, a três meses de cadeia por um tribunal de Israel. Vanunu, que cumpriu pena até 2004 por divulgar ao mundo o programa nuclear clandestino de Israel, foi desta vez condenado por se recusar a levar a cabo trabalho comunitário em Jerusalém Ocidental, alegando temer represálias por parte dos judeus fundamentalistas.

O Supremo Tribunal de Israel rejeitou o recurso, apresentado por Mordechai Vanunu, que tinha sido condenado em Dezembro a três meses de prisão, ou alternativamente, a três meses de serviço comunitário, por ter violado uma ordem judicial que lhe interditava todo o contacto com estrangeiros.

No apelo feito aos juízes, Vanunu explicava que estava pronto a efectuar o referido trabalho comunitário, se lhe fosse permitido fazê-lo em Jerusalém Oriental, no sector de maioria árabe anexado em 1967, e não no sector Ocidental na parte judaica da cidade santa. Dizia recear que a população israelita deste sector da cidade pudesse atentar contra a sua integridade física.

Trabalho "adequado"

O Supremo Tribunal de Israel recusou os argumentos de Vanunu, afirmando que as autoridades lhe tinham encontrado um trabalho de interesse público em Jerusalém Ocidental, "adequado à sua pessoa".

A sentença do tribunal afirma: "mas o réu recusou e o tribunal não teve outra escolha senão condená-lo a uma pena de três meses de prisão que ele deverá cumprir a partir de 23 de Maio".

Um dos advogados de acusação do Estado, Dan Eldad, disse a um órgão de informação israelita que "o tribunal tentou por todos os meios evitar enviar Vanunu para a cadeia mas "não teve outra opção".

Segurança do Estado

Segundo o site de notícias israelita "Ynet News" o procurador afirmou, durante a audiência, que "Mordechai Vanunu continuava a pôr em risco a segurança do Estado, mesmo 24 anos depois da sua primeira detenção".

Desde que foi libertado da prisão, em Abril de 2004, Vanunu já foi inculpado pelo menos 21 vezes pela justiça israelita por ter infringido as restrições à sua liberdade.

O ex-técnico da central nuclear de Dimona , no sul de Israel, está proibido de deixar o território nacional ou de entrar em contacto com estrangeiros, nomeadamente jornalistas, sem autorização prévia.

Convertido ao cristianismo Vanunu diz que já não se considera israelita e desde a sua libertação tem vindo a pedir asilo, em vão, a vários países ocidentais, queixando-se de estar a ser alvo de uma vigilância constante.

Raptado pelos serviços secretos

O antigo técnico, actualmente com 55 anos, foi condenado em 1986 por espionagem, depois de ter revelado os segredos nacionais do Estado Judaico ao jornal londrino "Sunday Times", que depois veio a publicá-los.

A prisão esteve rodeada de circunstâncias rocambolescas. Vanunu, então a viver no Reino Unido, foi alegadamente atraído sob falsos pretextos a Itália, numa operação dos serviços secretos israelitas. Terá sido então raptado, drogado e enviado clandestinamente para Israel a fim de ser julgado. Onze dos dezoito anos de prisão a que foi sentenciado foram cumpridos em regime de solitária.

100 a 300 ogivas nucleares

A informação divulgada por Vanunu levou os analistas nucleares a concluir que os israelitas dispõem de 100 a 300 ogivas nucleares.

Israel nunca chegou a confirmar ou a desmentir estas informações. O país não é signatário do tratado de não-proliferação e recusa-se a submeter a controle internacional a central nuclear de Dimona, construída nos anos 60 com a ajuda de França.

Os dirigentes israelitas praticam uma doutrina dita de "ambiguidade deliberada", que consiste a afirmar que o seu país não será "o primeiro a introduzir armamento nuclear no Médio Oriente".

In http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=Ex-tecnico-nuclear-israelita-Mordechai-Vanunu-condenado-a-prisao.rtp&article=343977&layout=10&visual=3&tm=7

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