Para a Amnistia Internacional, o "caso Vanunu" não terminou com a libertação do prisioneiro. Luís Galrão, activista do Grupo 19 da AI que acompanha o prisioneiro israelita há quase dez anos, diz que é agora altura de lutar pelo levantamento das restrições a que o antigo técnico da central nuclear de Dimona foi sujeito - e zelar pela sua segurança.
O grupo 19 da AI "adoptou" Vanunu e para além das várias campanhas, começou a tentar estabelecer contacto por carta: "Foi difícil nos primeiros anos... Israel tinha uma política de atrasar correspondência. Mas as cartas foram chegando e ele lá foi respondendo", conta Galrão. "Além disso, vinham censuradas: apareciam cortadas a x-acto, e via-se que antes uma palavra teria sido sublinhada com uma caneta fluorescente."
No início, conta o activista da AI, Vanunu questionava a utilidade da troca de correspondência com activistas de um país insignificante. "Houve uma altura em que ele não nos queria dar muita atenção por sermos um pequeno país da cauda da Europa, mas acabou por saber da nossa integração na Comunidade Europeia, não se tinha dado conta disso em 1986, e começou a achar que poderíamos ajudar", continua Luís Galrão.
A Amnistia continuava entretanto a fazer várias acções de apoio ao prisioneiro, muitas à porta da representação diplomática de Israel em Lisboa. "Acabámos por ter umas conversas engraçadas com os seguranças israelitas da embaixada, com quem discutimos o caso: um achava que ele devia estar preso, outro que devia ser libertado, o terceiro considerava que não devia falar, pois estava em serviço.
In PÚBLICO
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